OS 11 PILARES DO LÍDER DO FUTURO

 

Participei do Fórum de Inovação e Alta Performance do Experience Club, um evento dedicado a líderes de grandes empresas do Brasil.

Um prazer enorme ter participado de um encontro tão rico para falar de um tema que gosto e venho aprendendo muito: a Liderança.

Eu gostaria de compartilhar com vocês, algumas características claras que líderes que são referência para mim têm em comum. 

Os indivíduos são singulares e únicos no mundo, mas há um padrão que se repete entre os líderes de organizações em crescimento consistente.

Quando me refiro a líderes, não estou falando de uma posição. Liderar é estar todos os dias crescendo, se adaptando e conseguindo manter o alinhamento e o engajamento constante entre a equipe e isso pode ser realizado por todos os profissionais.

Logo, todos podemos ser líderes e para isso, reciprocidade é a palavra-chave do momento. Devemos nos manter recíprocos em relação ao time, à família e todos a nossa volta. Digo que é a palavra-chave do momento, porque nem sempre foi assim.

 

Você se lembra do chefe de antigamente e do medo que tinha em falar com ele?

Há não muito tempo, os chefes tinham um andar inteiro da empresa, sala, antessalas e até elevador próprio. Quando ele entrava no escritório, as pessoas se calavam e ficavam encarando a tela do computador. A figura era praticamente de uma entidade.

A mudança de papéis e postura do que era esse chefe para o que é o novo líder é enorme, principalmente por dois motivos: a origem e a postura.

Por décadas, os chefes vinham de famílias ricas e tradicionais e assumiam os cargos a partir de indicações.

Atualmente, líderes que são referência mundial vieram do nada, surgindo a partir do contorno de grandes desafios e do resultado que proveram, como Mark Zuckerberg ou Elon Musk. 

Outra diferença entre os antigos chefes e os novos líderes é a proximidade com o público e funcionários possibilitada pela descentralização das mídias.

Enquanto os chefes eram distantes e realizavam comunicados pontuais, os líderes atuais passaram a utilizar as redes sociais e a interagir com o público de forma recorrente.

Com a aceleração das transformações do mercado nas últimas duas décadas, a experiência passou a pesar menos nas posições mais altas da empresa.

Ser CEO não é mais só um quesito de experiência, não é mais só o que você construiu no passado, mas também como você trabalha para construir o futuro. 

São muitos os executivos sêniores que fizeram uma bela jornada profissional, mas que por falta de velocidade e alinhamento com as mudanças, não conseguiram manter o ritmo necessário para se manterem CEO’s.

Há cada vez mais lideranças sendo assumidas por jovens e os mais experientes servindo como mentoring para assessorar esses líderes, que tocam a execução e o ritmo do negócio.

 

O LÍDER DO FUTURO

 

LIDERANÇA DESCENTRALIZADA

Os CEOs de maior referência do mercado, gastam 70 / 80% do seu tempo criando e promovendo novas lideranças.

A agenda dos líderes que tenho como referência tem muito mais tempo alocado com pessoas: em encontrar talentos, conseguir trazê-los para trabalhar na empresa e em mantê-los alinhadas, do que os executivos do passado.

Hoje, o líder tem o papel de conseguir as melhores pessoas, mantê-las alinhadas e consequentemente fazer com que essas pessoas tomem as melhores decisões sem ele ter que aprovar tudo. 

O papel é de engajar e manter o alinhamento para as pessoas seguirem o objetivo comum, mas com crenças próprias e protagonismo. Nesse novo modelo, todos somos líderes.

Todos nós nascemos para liderar. Não somos líderes só no trabalho, você é líder em sua casa, no seu grupo de amigos, na sua vizinhança.

Tendo isso como verdade, elenquei o que eu chamo de os onze pilares dos líderes do futuro, baseado em um padrão que observei nos maiores exemplos de liderança que conheço e gostaria de compartilhá-los com vocês.

 

OS 11 PILARES

  •  AUTENTICIDADE

Grandes acontecimentos e viradas de chave das organizações não estão nos processos ou em playbooks. A ousadia para tomar ações diferentes do histórico do que vem sendo feito exige autenticidade.

A autenticidade permite a ousadia de fazer além do que foi planejado pelos superiores, em prol do que se acredita como ação. 

Não é uma ação puramente subversiva ou angariada em ego, mas uma realização que foge do status quo da companhia e possibilita resultados diferenciados.

Em alguns momentos, é preciso agir fora do planejamento e ser fiel àquilo que você acredita, ao seu jeito, ao seu estilo.

Além disso, agir com personalidade própria fomentará o envolvimento e confiança da equipe.

 

  • SER ACESSÍVEL

Enquanto antigamente tinha-se medo de falar com o chefe e ele ficava praticamente isolado em sua sala, hoje os grandes líderes estão no grupo de Slack, no Whatsapp e em uma sala aberta com acesso a todos.

“O líder precisa ser uma pessoa comum e corrente”

A proximidade entre os membros da organização aumenta o entrosamento, que é o braço direito da performance. Com o entrosamento, as pessoas ficam mais alinhadas e engajadas, gerando aumento de produtividade na empresa.

Outro ponto bem relevante permitido por tal postura é: as grandes sacadas muitas vezes vêm de baixo da estrutura hierárquica.

A base da pirâmide normalmente é quem está em contato direto com os clientes ou executando a operação de fábrica e sabe quais são os problemas operacionais que ocorrem no dia a dia.

Um executivo que se mantém isolado em sua sala sem estar integrado com a ponta, corre grandes riscos de perder as estribeiras da operação em decorrência de pontos cegos, como no caso de muitas empresas grandes que sucumbiram.

Ser acessível pode ser muito mais importante do que ser o mais inteligente, até porque o conhecimento hoje está na rede e é acessível a todos.

 

  • ESCUTA ATIVA

A alta performance está na comunicação e a comunicação está muito mais em saber escutar do que naquilo que você fala.

Escutar mais é um exercício constante que precisa ser exercitado. Não só escutar as palavras, mas toda a comunicação não verbal. Por conta disso, a governança é importante, mantendo reuniões periódicas para garantir que a troca ocorra de forma programada.

Reuniões one on one semanais, por exemplo, não só para falar sobre trabalho, mas sobre desenvolvimento pessoal, desafios, dar feedbacks e ter o feedback debaixo.

O processo de implementação de atividades desse tipo não é natural, é preciso disciplina, pois é comum aparecerem coisas novas na agenda. Porém, manter-se conectado com cada membro do time e escutando de forma recorrente irá recompensar você, o time e toda a organização.

 

  •  VULNERABILIDADE PARA GERAR EMPATIA

Executivos distantes quando não sabem a solução para um problema, tendem a se tornar mais frios ou irritados, o que propaga uma insegurança e falta de cumplicidade na equipe.

Mostrar vulnerabilidade, demonstrando não saber determinada resposta e trazer o debate para o grupo, gera empatia e cria conexão. A conexão será capaz de manter o engajamento da equipe e construirá alinhamento e compromisso com os objetivos, ao dar poder a todos os membros.

“Para liderar pessoas, caminhe um passo atrás delas”

– Lao Tse

 

  •  IMPACTO

Ao observar lideranças de profissionais referência no mercado, claramente é possível notar a diferença do QI de “Quem Indica”, que era o caminho para se chegar na liderança antigamente, pelo QI de “Qual Impacto você está gerando?”.

“Liderança é uma ação, não uma posição”

– Donald MacGannon

Liderar é impactar positivamente o time e isso precisa ser exercido o tempo todo. Para você ser um líder, você precisa estar agindo sempre com ações de liderança e impactando o grupo, logo, ter uma visão coletivista é fundamental.

 

  • CRIATIVIDADE

A criatividade é o que permite chegar a um resultado extraordinário, ao realizar algo que ninguém fez antes.

A criatividade junto da autenticidade e da ousadia, precisa ser exercida pelo líder e promovida por ele nas equipes com quem trabalha.

Uma cultura de medo de errar pode ser mortal para qualquer organização, portanto, estimule o questionamento e a criação de novas alternativas que fujam da rotina.

Afirmações como: “mas sempre foi assim” podem matar a sua empresa.

 

  • NUMEROLOGIA

Quando me referi a ser criativo, não se trata apenas de ter ideias fora-da-caixa. É importante trazermos racionalidade para a operação e a partir de dados, ter uma visão clara do cenário.

Para isso, é fundamental ser obcecado por dados, amar métricas, analisá-las e tirar insights diferenciados a partir delas.

A numerologia faz parte de todos os novos líderes, assim como a capacidade de lidar com métricas.

A mistura da criatividade com a numerologia, é inovar na interpretação e pedido de métricas. É possuir um perfil racional e questionador.

No final, não é só sobre tomar decisões em cima dos dados, mas a partir de uma intuição embasada e refinada em dados.

 

  • TRANSPARÊNCIA

A transparência é a relação de fidelidade e honestidade com o seu propósito e de jogar limpo com a sua equipe e ecossistema.

Durante a pandemia, eu falei muitas vezes o quão importante é ser brutalmente transparente com o seu fornecedor, com o seu cliente e com os seus funcionários.

A vulnerabilidade, a empatia e outros pilares estão ligados à transparência e geram confiança entre todos os agentes envolvidos e você.

Neste caso, não se refere somente à vulnerabilidade, mas também a busca de ser justo e realizar feedbacks constantes e realistas com todos a sua volta.

Se as entregas não estão satisfatórias, é fundamental pontuar o que pode ser melhorado, sem buracos na comunicação para que quem a recebeu esteja alinhado com as suas expectativas.

Não há espaço para buracos na comunicação, busque ser objetivo (não ríspido) e claro, sempre que se comunicar.

 

  • PROTAGONISMO

“Liderar é saber promover o protagonismo e não centralizá-lo” 

Antigamente, a organização tinha apenas um porta voz. Atualmente, se olharmos para o caso da XP, são 84 embaixadores entre parceiros externos e profissionais dentro da companhia que são potencializados como líderes.

A organização deve buscar treinar a todos a serem líderes. No Facebook, por exemplo, conforme os profissionais vão subindo profissionalmente, mais tempo e treinamento são dedicados à coaching e desenvolvimento comportamental em competências de liderança como as citadas neste artigo.

 

  • COLABORAÇÃO

Na pandemia, a cultura da descentralização e do digital contou muito no momento de entregar as melhores soluções.

Eu presenciei empresas que possuíam tecnologia de ponta, mas não tiveram êxito, por conta da falta de autonomia das equipes e colaboração entre seus membros.

Com uma postura centralizadora, a tomada de decisão ficou engessada em comitês e reuniões em que debates se estenderam sem tomadas de decisão conclusivas, promovendo lentidão.

Ter autonomia e construir o futuro através do presente colaborativo é ponto chave para que as organizações sejam mais eficazes.

O time precisa ter: + voz, + participação, + integração, + autonomia.

 

  • COMPROMETIMENTO

Um líder não faz o que ele quer fazer, ele faz o que precisa ser feito. Para ele construir a cultura da disciplina, é preciso primeiro ser disciplinado e praticar o que se fala.

“Se o conselho é bom, o exemplo arrasta”

– Rony Meisler

Isso vai exigir que você seja um exemplo mesmo nos dias não motivados e o exemplo vai arrastar o restante da equipe.

Ser líder não é ser o melhor do time, mas ser o melhor para o time e isso vai exigir o seu comprometimento próprio em cumprir as promessas que fez a si mesmo no final de cada dia.

 

Esses foram os 11 pilares que eu identifiquei dos líderes do futuro. Se você identificou algum outro que não foi comentado aqui, comente.

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